A decoração superficial de peças de vidro com filmes coloridos envolve normalmente a deposição de compostos de elementos cromóforos através da aplicação de diferentes técnicas de decoração, como pintura a pincel, decalques, pulverização à pistola, serigrafia, estampagem, mergulho, entre outras. No âmbito da actividade, procedeu-se à caraterização das técnicas de decoração utilizadas pela VAA, onde se destaca a pintura manual a pincel de tintas de metais nobres, ouro e platina brilhantes, e a aplicação de decalques de ouro brilhante. Estas técnicas vêm apresentando uma utilização crescente, resultante do aumento de personalizações em projetos internos e do elevado valor acrescentado exigido pelos clientes. A eficácia do processo de revestimento ao nível das suas caraterísticas óticas (tonalidade, homogeneidade) e de adesão depende de diversos fatores, como o estado de limpeza da superfície do substrato de vidro antes da aplicação, o ambiente circundante (deverá ser isento de pó e de fibras), o estado de conservação das ferramentas de aplicação, as caraterísticas das tintas a aplicar, a parametrização dos processos de cozedura (temperaturas, rampas, patamares) em mufla estática ou contínua, entre outros.
Com o objetivo de identificar soluções de decoração existentes no mercado passíveis de serem utilizadas nos substratos de vidro produzidas na VAA promoveu-se o contacto, junto de atuais e potenciais fornecedores, com vista à análise de materiais e tonalidades novas e/ou alternativas para formulações de tintas com metais preciosos, nomeadamente ouro, platina e prata.
Foram testadas novas referências de platina e de ouro com reflexos de diferentes tonalidades, e resultados distintos ao nível da adesão, estabilidade, homogeneidade, brilho e da opacidade do filme decorativo, tendo em conta as diferenças existentes ao nível das temperaturas recomendadas para cozedura.
Foi testada uma tinta decorativa de tonalidade prata desenvolvido para serigrafia e preparada internamente para aplicação a pincel. Ao nível da tonalidade, os resultados foram muito interessantes, apresentando no entanto um sombreado interior amarelo (ligação de cristal ao filme decorativo) e um “escovado” superficial.
No âmbito da presente tarefa deu-se continuidade à pesquisa e ensaio de novas formulações de tintas de tonalidade similar à presentemente utilizada pela VAA, com resultados semelhantes ao nível da adesão, estabilidade, homogeneidade, brilho e opacidade do filme decorativo. Algumas das novas formulações permitem a aplicação de 2 camadas e deste modo o aumento da opacidade do filme decorativo e a correcção de pequenas falhas observadas após primeiro ciclo de cozedura.
No âmbito do desenvolvimento de novas técnicas para decoração da superfície de peças de vidro, definiu-se a aplicação películas decorativas de revestimento, por deposição, a partir da fase de vapor.
Os testes realizados em substratos de vidro permitiram identificar diversas variáveis que condicionam o sucesso da técnica e a qualidade das peças finais, nomeadamente: perfis de temperatura a utilizar durante o processo de deposição, ciclos de arrefecimento devido ao choque térmico, suportes a adaptar a cada amostra, parametrização para cada amostra (tamanho/tipo) e o desenvolvimento de máscaras para definição das áreas revestidas. Foram, igualmente, discutidas potencialidades e limitações inerentes ao processo que permitam ao Departamento de Conceção e Desenvolvimento da VAA criar novas decorações integrais, parciais, opacas, semi-opacas, homogénas e heterogéneas.
Trabalharam-se ciclos de revestimento com o intuito de reduzir e/ou eliminar as questões associadas ao aquecimento e arrefecimento das peças em substratos de vidro, com impacto no tempo e custo de processamento. Foram ainda efectuados ensaios preliminares de adesão, gravação, lapidação e polimento químico. Ao nível da gravação e lapidação, o filme apresentou uma boa estabilidade, não tendo sido detetada a ocorrência de delaminação ou descamação. Ao nível da adesão e da resistência ao ataque químico, verificaram-se heterogeneidades ao longo do filme resultantes, provavelmente, de uma preparação da superfície não homogénea.
Com o intuito de alargar a gama de produtos existentes, avançou-se para ensaios de decoração superficial de substratos de vidro produzidos na VAA por pulverização à pistola.
Foram preparados conjuntos de amostras conformados em vidro transparente, por prensagem e insuflação semi-automática para decoração superficial, por pulverização à pistola, com tintas à base de água e cozedura a cerca de 200oC. A qualidade do filme do processo de pulverização foi analisada em termos da sua homogeneidade, não tendo sido identificadas diferenças de tonalidade, escorridos ou pontos de acumulação de tinta. A decoração aplicada apresentou uma resistência adequada ao ataque dos detergentes, sob as condições de ensaio.
Foram testadas novas referências de tintas à base de água para decoração superficial de substratos de vidro por pulverização à pistola. Nestes testes foram utilizadas peças conformadas na VAA em substratos de vidro e cristal que após aplicação das tintas de diferentes tonalidades foram submetidas a testes de adesão. Foram igualmente efectuadas medições de espessura e do ângulo de contacto e efectuadas análises por FTIR (Fourier-transform infrared spetroscopy) e EDS (energy dispersive spectroscopy).
Com o intuito de alargar a gama de produtos existentes, avançou-se para ensaios de decoração superficial de substratos de vidro produzidos na VAA por pulverização à pistola.
Foram testadas novas formulações de tintas a frio para aplicação manual a pincel. Os ensaios envolveram a preparação das formulações recebidas sob a forma de pasta com a utilização de médios apropriados.
Foram realizados ensaios com tintas de diversas tonalidades com o intuito de aumentar as possibilidades de decoração a pincel de substratos de vidro cristal.
